Oi pessoal! Esse é mais um guest post, escrito pela Tati Lopatiuk. Ela é leitora do blog, criadora do Desafio do Tigre e vai falar sobre cinema por aqui, começando com a resenha do filme Beleza Americana. Um super obrigada para a Tati!

beleza_americana_01

Quando um filme é muito bom, ele não ganha alguns prêmios, ele ganha, tipo, todos. Foi bem isso o que aconteceu com Beleza Americana em 2000. Além dos vários Bafta’s e Globos de Ouro, o filme também levou 5 prêmios Oscar para os oito a qual foi indicado. Entre tantos prêmios, ganhou o Oscar de Melhor Fotografia, motivo pelo qual o filme é tema da nossa coluna de hoje.

beleza_americana_02

O filme conta a história de Lester (Kevin Spacey), um típico cidadão da classe média que enfrenta uma crise de meia-idade e não aguenta mais seu emprego e seu casamento. Casado com Carolyn (Annette Bening) e pai da adolescente Jane (Tora Birch) ele leva uma vida tediosa até conhecer Angela (Mena Suvari), amiga de Jane. Disposto a conquista-la, ele começa mudar sua vida em vários aspectos, contando com a ajuda, a amizade e as drogas de seu novo vizinho esquisitão, Ricky (Wes Bentley).

Um dos principais aspectos da fotografia vencedora de Beleza Americana é fazer grande uso de planos estáticos para gerar tensão. Isso é explorado principalmente com o personagem Ricky, que tem obsessão por filmagens amadoras. O diretor de fotografia Conrad Hall apostou em composições pacíficas nas cenas para constratar com os eventos turbulentos vistos em tela. Um exemplo são as cenas de confronto familiar, que sempre começam na mesa de jantar, onde toca “música de elevador” e o ambiente é totalmente calmo e bonito. Isso só reforça a ideia de que o filme confronta a ideia de sonho médio da sociedade americana (não só americana, tendo em vista que o mundo hoje é cada vez mais global), mostrando que muitas vezes essa “vida perfeita” é apenas fachada.

beleza_americana_03

Hall filmou na proporção de tela 2:39:1 com o formato Super 35 e filmes de 35 mm das câmeras Kodak Vision 500T 5279. Ele usou filmes Kodak Vision 200T 5274 e EXR 5248 para cenas com efeitos de luz do dia e teve dificuldade em se adaptar aos novos filmes Vision da Kodak, que, combinados com seu ciclo de iluminação cheio de contraste, criava um visual com contrastes excessivos.

Outros pontos marcantes da fotografia do filme são as rosas vermelhas e a chuva. Nos momentos-chave da trama, seja em cenas reais, seja em delírios do narrador, rosas vermelhas sempre se faziam presentes. Sobre isso é legal saber que American beauty é um tipo de rosa bem peculiar muito cultivada nos EUA: ela não possui espinhos nem cheiro, casando muito bem com a história do filme, uma metáfora sobre o vazio do americano comum. Sobre a chuva, o diretor quis ter a certeza de manter a chuva, ou a sugestão dela, em todos os planos das cenas finais do filme – uma saída para destacar a dramaticidade das cenas.

Quando viu o filme pela primeira vez no cinema, o diretor achou a imagem um pouco obscura. Preciosismo ou não, ainda assim o filme foi premiado por sua fotografia e a gente não tem a menor dúvida de que foi mais do que merecido.

Beleza Americana

Titulo original: American Beauty
Lançamento: 1999
Duração: 2h2min
Direção: Sam Mendes
Drama / EUA